Periódico mostra mensagens com fotos e preços disparadas por criminosos em grupos de interesse nesse “mercado”
Em matéria de capa do Jornal O Globo do último domingo (23/05), o comércio ilegal de animais silvestres tem acontecido “desenfreadamente” nas redes sociais, especialmente em grupos de WhatsApp e no Facebook. A atividade é o 3o negócio mais lucrativo para as organizações criminosas, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e de armas.
A venda dos animais retirados da natureza pelos traficantes é feita nas redes através de anúncios com a divulgação de fotos e preços, que variam, segundo o jornal, conforme “a demanda e dificuldades de encontrar o animal”. Investigações da Polícia civil mostram que tudo com com o pedido do “cliente”, isso porque os criminosos estariam optando por um comércio por “demanda”, evitando o acúmulo de animais em cativeiro, talvez como uma forma de driblar as investigações contra o crime ambiental.
No estado do Rio de Janeiro, a caça acontece com frequência nas regiões de Mata Atlântica. Na capital, muitos animais são caçados durante dias em locais como a Floresta da Tijuca. Quando capturado, o animal é levado para as feiras clandestinas que funcionam como vitrine para esse comércio. A principal fica no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Nesses locais, os traficantes trocam contatos com potenciais clientes, mostram alguns animais e, depois, a transação passa a ser feita nos grupos de internet.
Dados da Polícia Ambiental (PA) mostram, segundo a reportagem, que, de janeiro a março de 2023, a cada duas horas, um animal é resgatado pelos agentes. Quase três vezes o número noticiado para o mesmo período do ano passado.
Até chegarem aos compradores finais, os animais sofrem diversos tipos de violência nas mãos dos criminosos. Transportados também de forma clandestina em caminhos de carga, filhotes de macacos são colocados em garrafas pet ou mochilas e aves são espremidas em canos de PVC.
Dos 10% de animais sobreviventes desse processo violento sofrem com diversos tipos de sequelas físicas devido às condições de transporte ou confinamento a que são submetidos e psicológicos, por de serem afastados de suas mães quando filhotes ou expostos a fome, sede e até mutilações.
Aqui no Estado do Rio, nas áreas de Mata Atlântica, os papagaios, jabutis, passarinhos silvestres, periquitos, maritacas, macacos saguis e araras são animais muito procurados pelos caçadores.
Conscientização e educação
A falta de conscientização e educação sobre os impactos negativos do tráfico de animais silvestres dificulta a mobilização das autoridades para combater essa prática. É importante que tanto governos como a sociedade civil organizada promovam estratégias de conscientização para educar as pessoas sobre esse crime contra a Natureza, contra as espécies e que ameaça também o futuro do meio ambiente e a sobrevivência da espécie humana.
Não compre silvestres
No Brasil, o tráfico de animais é crime e está previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). Mas parte da população, infelizmente, tem uma parcela de culpa nessa cadeia de violência animal, quando mantêm a demanda pela criação de silvestres como domésticos. Segundo a matéria do O Globo, uma das aves mais procuradas é o papagaio que chega a custar R$ 3 mil. Outro animal que é muito requisitado nesse comércio ilegal é o macaco, em suas várias espécies, como o macaco mão-de-ouro, que de acordo com o jornal chega a valer R$ 7 mil, nas redes.
Animal Care
O Santuário Silvestre Animal Care é uma organização social privada que, desde 2014, funciona como abrigo para animais resgatados que sofreram maus-tratos e não têm condições de retornar à Natureza. A entidade acolhe diversas espécies, garantindo alimentação, tratamento médico veterinário, recintos adequados, próximos à natureza, para que os animais se sintam ambientados e possam viver com qualidade até o fim de suas vidas.