A pandemia do novo coronavírus está se tornando um divisor de águas em nossas experiências como seres humanos. Algumas formas de interação entre nós já anunciam novos hábitos. No auge do confinamento sanitário, nos inquietamos com os ambientes virtuais de trabalho e estudo, com a impossibilidade dos deslocamentos e a falta das formas tradicionais de lazer e entretenimento. O mundo das lives se sobrepõe ao mundo dos abraços livres e das emoções compartilhadas ao vivo e em cores, sons e cheiros.
Mas não só as relações interpessoais mudarão. A ferocidade do vírus que desestabilizou economias escancarou a necessidade de cuidarmos dos nossos ecossistemas e suas diversidades. Isso porque, assim como esta, novas pandemias ainda mais devastadoras poderão ser detonadas caso a natureza silvestre não seja preservada e o tráfico e o comércio de animais não seja freado.
Como alerta para a necessidade de ações globais de conservação e prevenção de novas pandemias, foi lançada a campanha mundial #HandsOffWildlife (#TireAsMãosDosSilvestres). A ideia é motivar novos hábitos humanos também em relação à fauna silvestre. Para os idealizadores, o tráfico de animais deve deixar de ser um assunto apenas para ambientalistas e ativistas.
Estudos apontam que o novo coronavírus pode ter sido transmitido por contaminação cruzada de espécies que tiveram contato porque estavam inseridas em rotas ilegais de comércio. O Brasil é um dos maiores fornecedores de animais para as redes de comércio no mundo.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), esse crime ambiental movimenta cerca dez bilhões de dólares em vários países. Em território brasileiro, estima-se, a cada ano, 80 milhões de animais sejam retirados de seus ambientes naturais. De cada dez traficados, apenas um sobrevive. Vítimas de maus tratos e confinamento, muitos chegam a adquirir sequelas irreparáveis o que os deixam sem condições de retornar à natureza de forma livre.
Pandemia também preocupa entidades de proteção
O santuário de animais silvestres Animal Care é um mantenedouro que recebe animais resgatados do tráfico e vítimas de maus tratos, na região da Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Com a pandemia do novo coronavírus, as instituições de proteção também são atingidas. Num primeiro momento, todas as atenções estão voltadas para a população humana. Mas os animais continuam sofrendo com o tráfico e continuam aguardando abrigo nas instituições ambientais de resgate.
Por isso, a equipe do Animal Care faz um apelo àqueles que têm condições de colaborar, que nos ajude com a manutenção das necessidades dos animais abrigados. Assista ao nosso vídeo e saiba como ajudar em www.associacaoanimalcare.com.br.
Manuella Soares
Comunicação Animal Care