Nos últimos anos, o Brasil tornou-se um ponto nodal na batalha contra o tráfico de animais silvestre no mundo, uma atividade nefasta que não só coloca um sem número de espécies em perigo, como compromete os ecossistemas, a saúde pública e até mesmo a segurança global. O comércio ilegal de vida silvestre é uma indústria bilionária, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e armas. Esse crime ambiental segue avançando em nosso país e tem prosperado na exploração dos recursos naturais, contribuindo significativamente para a perda da nossa biodiversidade.

O Brasil, território de 60% da floresta amazônica junto de toda a riqueza de sua Mata Atlântica, possui a mais diversa gama de flora e fauna do mundo, mas enfrenta hoje um desafio grave. Nossa rica biodiversidade tornou-se alvo principal do tráfico e comércio ilegal. O relatório Tráfico de Animais Silvestres no Brasil (2020) da ONG TRAFFIC, especializada em pesquisa e estudos sobre comércio de vida selvagem, destaca a complexidade dessa questão. Uma vasta variedade de espécies, incluindo macacos, tartarugas, peixes, onças, pássaros e tantas outras, são retiradas da natureza para serem vendidos como animais de estimação, alimentação, como fonte de biopirataria e para colecionadores. É um comércio vasto e variado.

As implicações desse crime ambiental são profundas. O comércio ilegal virou também uma questão de saúde pública e biossegurança, como foi evidenciado pela pandemia de COVID-19, que teve sua origem relacionada ao comércio de vida selvagem. O tráfico não é apenas uma preocupação de conservação, mas também uma questão de saúde global, destacando a interconectividade da saúde humana e ambiental.

Apesar dos esforços das forças de segurança e conservacionistas, esse combate enfrenta obstáculos significativos. Legislação inadequada, falta de dados abrangentes e recursos de fiscalização insuficientes dificultam os esforços para abordar o problema de forma eficaz. Além disso, a pandemia levou a uma redução temporária nas apreensões de animais selvagens, mas à medida que o mundo se ajusta a uma nova normalidade, a comercialização dessas vidas volta a pleno vapor e também as apreensões.

Nesse contexto, espaços como o Santuário Silvestre Animal Care, lar de centenas de animais resgatados, desempenham um papel essencial nesta batalha. São o refúgio para reabilitação e recuperação dessas vítimas. Contribuem para a conservação das espécies e servem como centros educacionais para aumentar a conscientização sobre os impactos do tráfico de vida silvestre. São instituições que não apenas oferecem uma segunda chance para animais que sofreram, mas também desempenham um papel crítico na preservação da biodiversidade para as gerações futuras.

A luta contra o tráfico de animais selvagens no Brasil e globalmente é uma questão urgente que exige atenção e ação imediatas. Ao apoiar e estabelecer instituições como o Animal Care, estamos garantindo qualidade de vida para os sobreviventes e fomentando a luta por ações de proteção a esses animais.

Simone Duque
Santuário Silvestre Animal Care