Santuário Silvestre Animal Care teme pela morte dos animais que aguardam no Centro em condições insalubres, sem alimentação e tratamento
No início de dezembro, o Ministério da Economia determinou o corte de R$ 45 milhões no orçamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Parte dos recursos seriam destinados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), órgão que recebe e encaminha animais resgatados de maus-tratos para serem abrigados em entidades protetoras ou devolvidos à natureza. Na imensa maioria das vezes, os animais chegam ao centro de triagem feridos e doentes, em função da violência do tráfico de silvestres, do abandono ou domesticação.
Com o corte das verbas, cerca de 500 animais que se encontram em Seropédica, interior do estado, podem morrer por falta de alimentação e tratamento. Em ofício ao Ibama, a direção do Cetas já alertou que a unidade poderá ser fechada devido à falta de recursos.
Segundo a assessoria de comunicação da Procuradoria da República no Rio de Janeiro, suspensão temporária das atividades do Cetas de Seropédica foi comunicada aos órgãos ambientais e de polícia ambiental no último dia 7 de dezembro. O centro teria suas atividades paralisadas em 15 de dezembro.
Em 2021, os serviços do centro de triagem foram interrompidos, o que causou a morte de 600 animais que se encontravam sob custódia do órgão. Os que sobreviveram foram encontrados em situação de abandono, sem alimentação, em recintos sujos e sem nenhum tipo de cuidado veterinário.
Naquela ocasião, o Santuário Silvestre recebeu animais sobreviventes. A entidade é hoje a única instituição não governamental no estado que tem autorização, tanto do Ibama quanto do Inea (Instituto Estadual de Ambiente), para abrigar espécies silvestres. Os animais são encaminhados após receberem os primeiros atendimentos no Centro de Triagem.
O Animal Care cuida hoje de centenas de indivíduos silvestres, entre aves e pequenos primatas. A maioria foi considerada pelos especialistas incapaz de retornar à natureza devido às sequelas físicas e emocionais.
Descaso
Para a fundadora da entidade, Simone Duque, o descaso das autoridades governamentais com os animais é um problema crônico que precisa ser resolvido com urgência. “É um absurdo que centenas de animais morram em um espaço que deveria ser de acolhimento e recuperação das vítimas do tráfico e maus-tratos. Temos uma grande demanda de animais encaminhados pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente) que, antes, passam pelo Centro, onde são avaliadas a situação de saúde e a possibilidade de reintrodução deles à natureza. Essa esta situação trágica limita nossas possibilidades de ajudar na sobrevivência dessas espécies”.
Santuário quer acolher mais animais
A fundadora do Animal Care pretende aumentar a capacidade de acolhimento dos silvestres que são resgatados todos os dias em feiras ilegais ou encaminhados de forma espontânea ao Centro de Triagem.
Para isso, a instituição está planejando uma campanha de financiamento coletivo para o ano que vem, através de uma plataforma de crowdfunding (vaquinha virtual) na internet.
“Queremos fazer mais. Mas vivemos da ação de doadores. Esses animais precisam de nós para sobreviver e pretendemos conseguir apoio diretamente da população para isso. As empresas também podem ajudar, seja com recursos financeiros, seja apoiando nossos projetos”.
Comunicação Animal Care